Projeto analisa memória magnética das rochas e amplia fronteiras da pesquisa geofísica

Projeto analisa memória magnética das rochas e amplia fronteiras da pesquisa geofísica

Um dos grandes desafios da geofísica é compreender como a Terra registrou em suas rochas o sinal do campo geomagnético ao longo de milhões de anos. Ao redor do mundo, profissionais da área desenvolvem pesquisas em laboratórios especializados. É nesse contexto que surge o projeto “Análise paleomagnética e caracterização magnética de amostras de rochas”, coordenado pelo Prof. Dr. Giancarlo Scardia, do Instituto de Geociência e Ciências Exatas (IGCE) da Unesp, Câmpus de Rio Claro.

A iniciativa é uma parceria com a Università degli Studi di Padova, da cidade de Pádua, na região de Veneto, Itália, com interveniência administrativa da FUNDUNESP. O objetivo é entender o registro paleomagnéticos presentes em rochas aí presentes, por meio de uma metodologia minuciosa e com rigoroso controle de qualidade.

“Esse projeto surgiu da necessidade da Università di Padova aprimorar o conhecimento sobre algumas sequências de sedimentos do Veneto. Sendo que esse tipo de estudo não era possível naquela universidade, resolveram entrar em contato com a UNESP”, explica o professor Giancarlo.

Processo técnico com várias fases

Para garantir a confiabilidade dos dados, cada amostra passa por várias fases de análise, entre elas a desmagnetização progressiva por até 15 etapas, a medição da magnetização remanescente e a caracterização mineralógica com espectros de coercividade magnética. São processos que demandam tempo e precisão, mas também oferecem resultados mais detalhados e reprodutíveis.

“As etapas de desmagnetização progressiva são fundamentais para individuar e eliminar possíveis contaminações magnéticas secundárias e revelar com clareza o sinal original registrado pelas rochas. É como decifrar uma memória geológica”, disse o pesquisador.

Além disso, a medição da suscetibilidade magnética e a análise do espectro de coercividade ajudam a identificar quais minerais magnéticos estão presentes e qual seu grau de estabilidade, ampliando o entendimento sobre a origem e a evolução das rochas.

Colaboração internacional e futuro promissor

A cooperação com o laboratório da Universidade de Pádua foi importante para a execução do projeto. A Itália, inclusive, já realiza pesquisas similares há décadas, sendo pioneira na aplicação de algumas técnicas utilizadas no estudo.

“Essa colaboração é muito importante para o compartilhamento mútuo de conhecimento, elevando a qualidade da pesquisa desenvolvida no Brasil”, reforça Scardia.

O projeto é executado no Laboratório Multiusuário UNESPmag (localizado no IGCE) e possui uma estrutura adequada para os estudos paleomagnéticos. “A estrutura vem nos ajudando nessas pesquisas e esperamos que os resultados sejam robustos e confiáveis”, afirma.

Impacto científico e alinhamento com a Agenda 2030

A expectativa é que esse projeto piloto sirva como base para novas pesquisas geofísicas e que, no futuro, possa ser expandido para outras regiões e formações rochosas do Brasil.

Além disso, a iniciativa está alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, especialmente os ODS 9 (Indústria, Inovação e Infraestrutura) e ODS 15 (Vida Terrestre), já que os estudos paleomagnéticos ajudam a reconstruir o passado da Terra e prever cenários futuros.

A FUNDUNESP, como interveniente administrativa e financeira, oferece o suporte necessário para que todas as etapas sejam cumpridas com excelência.

“Esse é apenas o começo. Estamos estabelecendo uma base sólida para que a geociência brasileira avance cada vez mais no cenário internacional”, conclui o professor.

Alinhando o rigor científico, cooperação internacional e infraestrutura, o projeto reforça o compromisso da UNESP com a produção do conhecimento estratégico para o Brasil e para o mundo. Ao investigar a memória magnética das rochas, os pesquisadores poderão pavimentar caminhos para o fortalecimento da ciência nacional em um campo ainda em expansão.

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